Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto
E hoje quando me sinto
É com saudades de mim
Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida...
Para mim é sempre ontem,
Não tenho amanhã nem hoje
O tempo que aos outros foge
Cai sobre mim feito ontem
A grande ave doirada
Bateu assas para o céu,
Mas fechou-as saciadas
Ao ver que ganhava os céus.
Como se chora um amante,
Assim me choro a mim mesmo,
E fui amante inconstante
Que se traiu a si mesmo.
Não me sinto no espaço que encerro
Nem as linhas que projeto.
Se me olho a um espelho – erro!
Não me acho no que projeto (...)
ઇઉ_Mário de Sá Carneiro_
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