No imenso horizonte, os últimos raios luminosos se perdiam e as primeiras estrelas começavam a surgir no céu. Era o Mundo da Luz se despedindo e dando lugar ao Mundo das Trevas. As águas começavam a escurecer, os pássaros passavam em bando no céu que, aos poucos ganhava uma coloração negra. A leve brisa do verão invadia a praia fazendo a areia dançar aos seus pés. Os olhos azuis carregados com lágrimas contrastavam com a imensidão do mar. Sobre as pernas o livro negro com letras em ouro. A total escuridão parecia se apoderar cada vez mais do cenário onde, não tão longe, uma pequena borboleta surgia trazendo seu encanto ao que parecia ser um exílio inundado por lágrimas, dor e penúria.
“Não chore! A dor passará. Sempre haverá um amanhã!” – Uma doce voz misturou-se à escuridão e atingiu o coração daquela garotinha que junto ao mar deixava suas mágoas. A pele clara, iluminada e os longos cabelos caídos sobre o vestido branco fizeram-na pensar que estava vendo um anjo. A mulher acariciou sua face e lhe entregou uma rosa. Aos poucos o medo desaparecia e finalmente a coragem surgiu para seguir o diálogo.
“Quem é você?”, perguntou a garotinha.
“Não importa quem eu seja. É hora de esquecer os velhos fatos e dar atenção aos novos. O mundo não pára! O tempo não pára! Eu sei que, às vezes, tudo parece não ter fim, por mais que lutemos. Mesmo assim, nunca desista! Você pode fechar os olhos para o mundo, mas ele jamais fechará os olhos para você.”
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